"Portugal, a Europa e a Globalização"

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Sld-lPMA FCG07.2017  

No passado dia 24 de julho, o Auditório III da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, acolheu o lançamento do livro "A Anatomia do Presente e a Política do Futuro: Portugal, a Europa e a Globalização", da autoria do Padre Manuel Antunes, com organização e introdução de José Eduardo Franco, prefácio de José Farinha Nunes, e posfácio de António Trigueiros.

 

A cerimónia de lançamento do livro registou casa cheia e contou com a apresentação de Guilherme d'Oliveira Martins e com intervenções de José Farinha Nunes, Eduardo Lourenço, Guilherme d' Oliveira Martins, José Eduardo Franco, António Trigueiros (Brotéria) e do editor Eduardo Boavida (Bertrand).

 

 

A cerimónia contou com as presenças do General Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, Celso Matias, Investigador da Fundação Calouste Gulbenkian, Manuel Frexes, Deputado da Assembleia da República pelo Círculo Eleitoral de Castelo Branco, Alfredo Geraldes, Presidente da Assembleia Municipal da Sertã, e Pedro Amaro, Presidente da Casa da Comarca da Sertã.

 

Para José Eduardo Franco, a obra do Padre Manuel Antunes é uma "grelha muito importante para ler o mundo contemporâneo, quer o Portugal contemporâneo, que a europa contemporânea, quer o mundo global em que vivemos, marcado por muitas incertezas. Nos anos 60 e 70 produziu pensamento que alguns consideram prospectivo, a partir daqueles sinais que ele soube ler como ninguém, antecipou tendências e derivas, e por isso é que os textos dele (...) lidos hoje (...) poderiam perfeitamente ter sido escritos em 2017. Essa capacidade de ver mais à frente, faz dele um autor intemporal, um pensador prospectivo e faz todo o sentido, hoje em dia, recuperar o seu pensamento para nos ajudar a compreender o momento presente".



Para José Farinha Nunes, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, "a pertinência do pensamento do Padre Manuel Antunes, pleno de atualidade, reflete-se nos dias de hoje. Textos dos anos sessenta e setenta do século XX têm ainda hoje plena atualidade, não se distinguindo essa distância de quase meio século pela indiferença dos dias, mas sim pelo intelecto e genialidade do seu autor." Padre Manuel Antunes, como D. Nuno Álvares Pereira fazem parte do património histórico do Concelho da Sertã. De entre outros, citando dos nossos - os maiores, as novas gerações, as que hoje e amanhã educaremos, saberão seguir-lhes os passos e os exemplos." O autarca enalteceu o trabalho do Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes pela "pertinência e oportunidade da criação deste livro". "O Município da Sertã reconhece a importância do momento, sobretudo porque antecede o ano do centenário do nascimento do Padre Manuel Antunes. Temos a intenção de comemorar esta efeméride condignamente e à altura desta grande figura da Sertã". Para finalizar o autarca agradeceu a Guilherme d'Oliveira Martins a solenidade do momento.

 

Eduardo Lourenço, Professor e Filósofo português, referiu tratar-se de "um dos livros mais importantes que se escreveram no último século em Portugal, na ordem da cultura e na ordem da espiritualidade". Contou que conheceu o Padre Manuel Antunes, por convite do General Ramalho Eanes para um almoço. "Uma pessoa habitada por um silêncio que se impunha, tão estranho, uma espécie rara, nunca mais tive ocasião de o ver. Li (...) o seu livro "Repensar Portugal" (...) que imediatamente teve grande leitura e muita repercussão. Esse pequeno livro saiu na altura em que Portugal conhecia momentos de ordem diversa na ordem política, como consequência de todos os efeitos que teve a revolução de Abril, mesmo na ordem cultural". Ninguém estaria mais habilitado do que o Padre Manuel Antunes, com os seus conhecimentos do Mundo Antigo, com a sua paixão pela leitura. Era incrível a sua capacidade enciclopédica, o seu conhecimento literário, de tudo quanto era importante no seu tempo, na sua área e mesmo fora da sua área. (...) Ele próprio era um poeta à sua maneira, um poeta sem mais, do essencial."

 

Guilherme d'Oliveira Martins encerrou as intervenções referindo-se ao padre Manuel Antunes como sendo retratado fielmente: "alguém que permanentemente estava atento à realidade que o cercava." Padre Manuel Antunes apresentou a premonição ligada à caracterização do homem contemporâneo. "Muitos dos textos que aqui se apresentam poderiam ser escritos em 2017". Citou uma passagem do texto "Associação ou Subordinação" a propósito do contexto global e da complexidade da relação internacional, que exemplifica a premonição: "de facto, têm demonstrado os Estados Unidos em atuar por conta própria, em passar por cima dos seus aliados, atlânticos e não atlânticos, em tratá-los como quantité négligeable, estruturar a própria defesa militar, política monetária, comercial com base que gira com demasiada frequência e não menor intensidade em torno dos próprios interesses. Conscientes da própria força em todos os domínios, e cada vez mais conscientes da fraqueza dos seus aliados, em todos os domínios habituados durante decénios e decénios, em impor a própria vontade sob pena da retirada para o seu esplêndido isolamento. Os Estados Unidos não desistem de dar sinais de uma acentuada preferência pela organização na subordinação." "A unidade europeia, com todos os sacrifícios que ela supõe e impõe, é exigida para o equilíbrio do mundo e para a sua própria sobrevivência, como realidade cultural e civilizacional, realidade que, fatalmente, se irá a pouco e pouco dissolvendo, se continuar ao ritmo actual a sovietização do leste e a americanização do oeste." "A verdade é que é um tema actual", referiu Guilherme d'Oliveira Martins, acrescentando que "esta relação entre Portugal, a Europa e a Globalização é, de facto, uma anatomia do presente que aqui nos é dado com a organização e introdução do Professor José Eduardo Franco. Nesta obra encontramos uma contemporaneidade que o Padre Manuel Antunes considera importante para aferir a capacidade que temos de ler os acontecimentos que nos rodeiam". Destacou ainda Maria de Lurdes Belchior, importante protagonista da atividade cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, pela apreciação que fez um dia do Padre Manuel Antunes: "este homem de muitos saberes e rigorosos dizeres, que muito viu porque pensou, e muito sentiu porque muito sofreu. Homem que ensinou um dia, contemporâneo nosso é aquele que de tão fundo ter descido ao abismo humano, continua a iluminarmos com a sua descoberta, a instruir-nos com o seu discurso, a acompanhar-nos com a sua irmandade, a obsolescência é incapaz de o atingir na raiz, menos ainda a morte. Viva então o nosso querido Padre Manuel Antunes, contemporâneo nosso, nosso grande contemporâneo." Encerrou a sessão, agradecendo a presença de todos e, em especial, "a presença de Padre Manuel Antunes entre nós".

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