Obra do Padre Manuel Antunes ganhou novas abordagens durante congresso internacional

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Slide-CongressoPMAntunesNov18   "Repensar Portugal, a Europa e a Globalização". Este foi o mote do congresso internacional que decorreu entre 2 e 6 de novembro, na cidade de Lisboa e na vila da Sertã. Ao longo de cinco dias, mais de 100 oradores apresentaram as suas comunicações, tendo como ponto de partida a vida e obra do Padre Manuel Antunes.
A Sala do Senado da Assembleia da República, em Lisboa, recebeu a cerimónia de abertura do congresso, com a deputada Edite Estrela, em representação do presidente da Assembleia da República, a presidir à sessão. Na sua intervenção, destacou o papel do Padre Manuel Antunes enquanto "mestre singular" e "construtor de pontes", lembrando o "seu pensamento humanista, democrático e europeu".

 

Também nesta sessão, o presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha Nunes, não deixou de sublinhar o "homem que ousou pensar e refletir sobre o mundo, numa época em que era quase proibido faze-lo. Que manteve um espírito aberto e conciliador quando as mentes se fechavam. Que partilhou saber e humildade".
Para José Farinha Nunes, "todos os que privaram com o Padre Manuel Antunes, amigos, alunos, discípulos, familiares, recordam um homem que não olhava de cima
mas de frente. Que preferia o diálogo franco e honesto à visão cristalizada dos sábios".

Guilherme d'Oliveira Martins, presidente da Comissão Científica do congresso, e o provincial da Companhia de Jesus em Portugal, Pe. José Frazão Correia, apresentaram visões concordantes relativamente ao Padre Manuel Antunes, notando que este homem é "mais modo e estilo de pensar do que simplesmente conteúdo pensado".
Apesar de não ter marcado presença na cerimónia inaugural, por motivos de saúde, o filósofo e sociólogo francês Edgar Morin enviou a sua comunicação, lida em francês por Guilherme d'Oliveira Martins. Falou do Padre Manuel Antunes como "um conhecedor profundo da complexidade do humano".

Por seu lado, o professor e antigo ministro Adriano Moreira destacou, no decorrer da sua intervenção, o "património do pensamento" do Padre Manuel Antunes, num momento em que o "seu sonho europeu parece ameaçado".

A escritora Lídia Jorge falou da sua relação, enquanto aluna, com o Padre Manuel Antunes, notando que este foi "o erudito da transformação, o pensador solene e livre".
Ainda neste primeiro dia intervieram o professor catedrático e diretor do Instituto Jurídico Interdisciplinar da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Paulo Ferreira da Cunha, e Pierre Antoine Fabre, da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris (França).



O congresso rumou depois à Sertã, mais precisamente ao edifício dos Paços do Concelho, onde decorreu o segundo dia de trabalhos. O escritor Miguel Real abriu a sessão, com uma comunicação que procurou sinalizar linhas de contacto entre a obra do Padre Manuel Antunes e a de outros pensadores da sua geração.
O também escritor e professor da Brown University (Estados Unidos) Onésimo Teotónio Almeida destacou o Padre Manuel Antunes como "humanista e paladino das humanidades".
Idêntica nota foi deixada pelos professores António Moniz, da Universidade Nova de Lisboa, e José Rosa, da Universidade da Beira Interior. Ambos enalteceram a influência do sacerdote jesuíta no mundo das letras e do pensamento ocidental.

Ainda na Sertã, o diretor da revista Brotéria, Pe. António Trigueiros, contou alguns episódios da vida do Pe. Manuel Antunes na Companhia de Jesus. Outros oradores deste dia foram a professora de origem polaca Béata Cieszyńska e a especialista argentina Alejandra Vitale, da Universidad de Buenos Aires, além de Amadeu Prado Lacerda (Universidade de Lisboa), Artur Manso (Universidade do Minho) e Januário da Costa Gomes (Universidade de Lisboa).
Após um dia de domingo mais centrado no programa social (missa, passeio literário, exposição), os dois últimos dias do congresso internacional «Repensar Portugal, a Europa e a Globalização – 100 Anos Padre Manuel Antunes» decorreram na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 


A agenda era bastante recheada e logo a abrir o reputado investigador francês Jean-Gabriel Ganascia, da Sorbonne Université, discorreu sobre os desafios e oportunidades da Inteligência Artificial, num painel com mais três especialistas na matéria. Pouco depois, o conhecido físico e professor universitário Carlos Fiolhais presenteou os conferencistas com uma autêntica aula acerca da relação do Padre Manuel Antunes com a ciência, enquanto numa sala ao lado o professor e antigo deputado Manuel Sérgio analisava a obra de Maurice Merleau-Ponty à luz dos escritos do Padre Manuel Antunes.
Na parte da tarde do dia 5 de novembro, os jornalistas Joaquim Franco (SIC), Margarida Neves Sousa (RTP), Paulo Rocha (Agência Ecclesia) e a comentadora televisiva Carla Quevedo participaram numa mesa-redonda sobre comunicação, democracia e globalização, três temas bastante caros ao Padre Manuel Antunes.
O último dia do congresso (6 de novembro) abriu com a intervenção do professor e diretor da biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, José Pedro Serra, que refletiu sobre a obra do Padre Manuel Antunes, procurando afinidades com os escritos de vários filósofos clássicos.
Por seu lado, o professor brasileiro Edgard Leite, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o também professor Manuel Oliveira de Sousa, da Universidade de Aveiro, e o investigador da Universidade do Porto António Barros, debatiam, minutos depois, as questões da propaganda e dos conflitos decorrentes da globalização.
Durante o último dia do congresso, referência igualmente para as intervenções do antigo diretor da Casa dos Patudos e atual conselheiro do Ministério da Cultura, José António Falcão, da historiadora e antiga deputada, Matilde Sousa Franco, do professor da Universidade de Lisboa, Luís Filipe Barreto, e do professor da Universidade do Minho, Manuel Curado, entre outros.

 

 

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