História
O Concelho da Sertã situa-se na região Centro de Portugal, Distrito de Castelo Branco. Berço de homens tão notáveis como D. Nuno Alvares Pereira, Gonçalo Rodrigues Caldeira, António Lopes dos Santos Valente e Padre Manuel Antunes.
As suas origens históricas remontam ao terceiro milénio A.C. Os primeiros sinais de povoamento são-nos dados pela existência de antas. No primeiro milénio A.C. existem vários testemunhos de castros – Santa Maria Madalena, em Cernache do Bonjardim e Nossa Senhora da Confiança, em Pedrógão Pequeno. Da mesma época, encontramos nos dias de hoje, manifestações artísticas gravadas na rocha – Fechadura, na freguesia do Figueiredo e Lajeira, na freguesia da Ermida.
Conta-nos a lenda que nos tempos de Sertório, a fortificação foi atacada pelos Romanos, tendo morrido na refrega um corajoso Lusitano, cuja mulher, de seu nome, Celinda, ao ter conhecimento da sua morte, e estando a fritar ovos numa sertã (frigideira), despejou o azeite a ferver sobre o inimigo que assim se viu impedido de tomar de assalto a fortaleza.
E para memória de tal façanha se deu o nome de SERTÃ à vila, sede de Concelho.
Alguns historiadores defendem que o foral foi concedido pelo Conde D. Henrique, então senhor de todas as terras no interior da Beira, em 9 de Maio de 1111, após ter procedido a reedificação da Vila e do seu castelo. Em 1165, D. Afonso Henriques doou esta região à Ordem dos Templários. Em 1174, foi entregue à Ordem dos Hospitalários, por D. Sancho I.
Em 20 de Outubro de 1513, D. Manuel I concede novo foral declarando expressamente que é dado à Sertã, “por inquirições e justificação, em razão de não aparecer o antigo”.
Desde o século XII surgiram vários lugares, aldeias, vilas e templos.
Destacam-se as vilas de Cernache do Bonjardim e de Pedrógão Pequeno, e em termos arquitectónicos relevam-se os Paços Bonjardim, em Cernache do Bonjardim, onde nasceu D. Nuno Álvares Pereira e as Igrejas do Seminário das Missões e Matrizes da Sertã, Cernache do Bonjardim e Pedrógão Pequeno.
No século passado, o Concelho foi contemplado com o privilégio de desfrutar das potencialidades de três grandes albufeiras de barragens que regularizaram o impetuoso rio Zêzere: Cabril, Bouçã e Castelo do Bode.
De uma raridade preciosa é a gastronomia deste Concelho. As iguarias mais conhecidas são o maranho, o bucho recheado e a sopa de peixe, mas os enchidos, o peixe do rio, a broa de milho, os cartuxos de amêndoa, os coscorões, as merendas doces, os queijinhos de cabra, o queijo fresco e a aguardente de medronho são igualmente de relevar.
Enfim, encontramo-nos numa região marcada pela ruralidade, situada na Zona Centro, onde a Beira Baixa toca a Beira Litoral e o Ribatejo, fazendo fronteira com os Concelhos de Oleiros, Proença-a-Nova, Vila de Rei, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, Mação e Ferreira do Zêzere.
A vila da Sertã é a sede deste município composto atualmente por dez freguesias: Cabeçudo, Carvalhal, Castelo, Pedrógão Pequeno, Sertã, Troviscal, Várzea dos Cavaleiros, União das Freguesias Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais, União das Freguesias de Cumeada e Marmeleiro e União das Freguesias de Ermida e Figueiredo.
Segundo a nomenclatura da unidade territorial (“NUT” - Nível III) o Concelho da Sertã, com 446,6 km2 (INE - 2002) de área territorial, enquadra-se no Pinhal Interior Sul.
Nos últimos dez anos, registou um decréscimo populacional de 8,1%, possuindo um efectivo de 16.721 habitantes (Censos de 2001), o que determina uma densidade populacional de 37,4 habitantes/km2.
Com agrupamentos populacionais de pequenas dimensões dispersos por toda a sua área, envoltos por uma extensa área florestal, tem como principais localidades as Vilas da Sertã, sede de Concelho, Cernache do Bonjardim e Pedrógão Pequeno. A fisiografia serrana do Concelho estabelece uma sucessão de cabeços arredondados de xisto cobertos de pinheiro bravo, sistematicamente ameaçados e destruídos pelos incêndios.
Dos rendimentos do pinhal depende largamente a economia local, complementada pela pequena agricultura familiar de conta própria e pelo incremento dos serviços.
Mas a Sertã tem também outros verdes, outros ritmos e cores, outros cheiros, outras paisagens.
Assim, há lugar para a mimosa, giestas, rosmaninhos, estevas, para a presença de água e de vales profundos que estimularam o engenho das sociedades camponesas da área do pinhal a criarem pequenas hortas.
Há lugarejos abandonados, courelas deixadas incultas e já invadidas pelos matos, aldeias rústicas quase despovoadas, ou com populações rarefeitas e envelhecidas. Mas existem também lugares renovados dotados de infra-estruturas e equipamentos modernos, com casario cuidado e plenos de vida durante todo o ano ou apenas nas festas e nos meses de Verão.
Os naturais e os residentes da Sertã guardam como memórias as recordações dos trabalhos de campo, dos pastores de rebanhos, dos resineiros, dos lenhadores e dos carvoeiros.
Memórias que são experiências de vida a que acrescem conhecimentos novos, afirmação de valores, adopção de outros usos e costumes, acesso a mais recursos e também criação de novas paisagens, materializadas nas novas construções a que correspondem novas práticas do espaço e novas identidades rurais.
A melhoria dos acessos através da “A23” e do “IC8”, aproximou a Sertã e as suas aldeias das regiões de Lisboa, Ribatejo, Beira Litoral e Beira Interior.
Por tudo isto, o Concelho da Sertã continua a ser um local mágico, de paixão, repleto de histórias, de lendas e de sonhos. Uma sala de estar que partilhamos com os nossos e com todos os que nos visitam.
Vamos todos cuidar do Concelho da Sertã e preservar essa magia, no centro do País, mais perto de Si.